O que acontece no consultório psicopedagógico?

escrito por:
Inez Kwiecinski
atualizado em:
17 de maio de 2016
Inez Kwiecinski
17 de maio de 2016

Seu filho(a) não vai bem na escola, tem dificuldades, não faz as tarefas, então um dia a escola solicita que você procure ajuda de uma psicopedagoga. Então vem as dúvidas: Mas afinal,  o que vem a ser psicopedagogia? O que acontece no consultório psicopedagógico? Como a psicopedagoga atua e como ela pode ajudar?

Pensando nestas dúvidas, criamos este artigo para informar você: pai, mãe e estudante. Se precisar de maiores esclarecimentos nos ligue ou envie-nos um e-mail, teremos prazer em atendê-lo.

O que é a Psicopedagogia?

A psicopedagogia é um campo de atuação ligada a área da saúde e educação que lida com o processo de aprendizagem do ser humano. Analisa seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio no seu desenvolvimento, ou seja: família – escola – sociedade. 

Utiliza procedimentos próprios da psicopedagogia, em outras palavras, busca desvendar como ocorre o processo de construção do conhecimento do indivíduo.

Desta maneira, a psicopedagogia se propõem identificar os pontos que possam por ventura impedir esta aprendizagem. Pode-se atuar de maneira preventiva para evitar ou ainda propiciar estratégias e ferramentas que possibilitem facilitar o aprendizado.

O que faz o Psicopedagogo?

O psicopedagogo é um profissional que procura compreender as mensagens, muitas vezes implícitas, sobre os motivos que levam o indivíduo a obter resultados insuficientes ao esforço aplicado em sua busca pela aprendizagem, seja ela sistêmica ou não.

O psicopedagogo atua num sentido mais amplo, investigando e promovendo as possibilidades de mudança sobre os processos cognitivos, emocionais e pedagógicos que por ventura possam impedir a aprendizagem do ser aprendente.

Na medida em que trata dos processos diagnosticados, também os previne,  evitando desta forma, o  sofrimento oriundo de tais transtornos de aprendizagem.

Como é o atendimento em um consultório psicopedagógico?

A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve atividades que estimulam as funções cognitivas que ainda não estão ativadas no aprendente.

Nas sessões de avaliação ou de intervenção serão trabalhadas questões afetivas e sociais além da construção da autonomia e independência, através da relação com “como eu aprendo” e “como eu me relaciono com o saber“.

Recursos como livros, jogos e computador, por exemplo, tem a finalidade de descobrir os estilos de aprendizagem, ritmos, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. Outros recursos utilizados pelo psicopedagogo são as dramatizações, jogos de raciocínio, de estratégias, jogos de tabuleiro, jogos eletrônicos, leituras, diálogos, desenhos, projetos entre outros.

Quando encaminhar um estudante para o Psicopedagogo?

Quando uma criança, adolescente ou até mesmo um adulto apresentar como queixa, hipótese ou diagnóstico, uma dificuldade para assimilar conteúdos escolares ou tarefas em seu ambiente de trabalho, falhas de memória, falta de concentração, resistência às situações de aprendizagem, baixo rendimento escolar, dificuldades na socialização, alteração na memória, altas habilidades, desestímulo, desatenção, síndromes, apatia ou qualquer outra que impeça o seu desenvolvimento, os pais ou responsáveis devem procurar a ajudar de um profissional especializado.

Quanto tempo dura um atendimento e o que vai acontecer no consultório psicopedagógico?

O período para uma avaliação psicopedagógica dura em torno de 8 a 10 sessões. Cada sessão tem a duração de 40 a 50 minutos, conforme combinado com a família, e estas sessões podem acontecer uma ou duas vezes por semana. A avaliação em um consultório psicopedagógico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo frente a queixa formalizada pelos pais ou pela escola.

Em cada sessão de avaliação serão aplicados testes específicos para cada idade, jogos pedagógicos e materiais específicos tendo como objetivo considerar a criança em seus diversos contextos, tanto biológico, como afetivo e cognitivo, assim como a sua família e a sua escola. Com a aplicação destes testes ou jogos, o psicopedagogo irá avaliar:

  • nível de leitura e escrita, matemática;
  • modalidade de aprendizagem;
  • psicomotricidade;
  • história de vida da criança;
  • nível cognitivo em que se encontra, utilizando para esta avaliação provas do diagnóstico operatório. Cabe ressaltar que nesta etapa serão analisados o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas da criança, verificando se há defasagem em relação a sua idade cronológica.

Finalizando a avaliação psicopedagógica

Finalizando a avaliação psicopedagógica, agendamos uma reunião com os pais da criança para darmos uma “devolutiva“.

Neste momento retomamos a queixa inicial e todos os procedimentos realizados até então, esclarecemos todas as dúvidas dos pais e informamos o resultado da avaliação realizada, dando os encaminhamentos e fazendo um fechamento do período de avaliação.

Para a escola é enviado um parecer psicopedagógico com todas as informações levantadas e possíveis encaminhamentos, como por exemplo, se haverá necessidade de continuar com o atendimento psicopedagógico, ou seja, a intervenção psicopedagógica, (2ª etapa do atendimento psicopedagógico), também poderá ser necessário encaminhamentos ao neurologista, psicólogo, otorrino, oftalmologista, fonoaudiólogo, entre outros.

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28 respostas

  1. Peço sugestão de um livro que me oriente a respeito de quais testes se fazem necessários para cada hipótese de dificuldade de aprendizagem. Creio que a maior dúvida dos estudantes é muito mais sobre o que fazer do que qq outra coisa.

    1. Oi Cle

      Quando você fala em “testes” que usamos para nossas hipóteses diagnósticas, afirmo que não existem testes específicos, e sim atividades, alguns protocolos.
      A Psicopedagogia requer criatividade, por ser uma área ampla, você pode usar instrumentos que te forneçam respostas ao que você está avaliando. Por exemplo:
      Temos o TDE para avaliar questões de escrita, leitura e aritmética
      AUDIBILIZAÇÃO – Sondagem da capacidade de audibilização (linguagem receptiva), ou seja, quando a cognição auditiva permite a aquisição e o desenvolvimento correto da fala, da leitura e da escrita.
      PROLEC para avaliar questões de leitura
      IAR – Para verificar o conhecimento do aprendente nas seguintes áreas: esquema corporal, lateralidade, posição, direção, espaço, tamanho, quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva, verbalização de palavras, análise/síntese e coordenação motora
      PAPEL DE CARTA – O objetivo geral é avaliar as dificuldades de aprendizagem e, se possível, também o nível de escrita da criança. No entanto, cada lâmina tem um objetivo específico, esse é um teste projetivo.

      Tudo depende do que você precisa avaliar. O mais importante é garantir um vículo positivo com o aprendente. Entender qual é a QUEIXA da família e traçar um bom plano terapêutico.

      Espero ter ajudado.

  2. Excelentes colocações! Estou iniciando nesta área e esses conteúdo e comentários esclareceu minhas dúvidas. Obrigada! Deus abençoe a todos!

  3. Boa tarde.
    Sou formada em: ciências sociais e política, história e pedagogia.
    Em 2013 comecei a fazer pós em psicopedagogia. Faculdade renomada e professores idem. Não finalizei poirqu “impaquei” na monografia. Mas uma das falas de uma das doutoras que ministravam as aulas marcou:
    O PSICOPEDAGOGO REALIZA 8 OU 10 ATENDIMENTOS. DÁ A DEVOLUTIVA AOS RESPONSÁVEL( PAIS) SE FOR UMA CÇAS E/ OU ENCAMINHAMENTOS FONO, ETC.
    Por um acaso isso mudou? No decorrer desses 10 anos e eu estou desatualizada?
    Sou professora de história e estou vendo e ouvindo de muitos que ” psicopedagogia atende o ano todo uma mesma crianças, passa atividades e etc.
    É assim que funciona?
    obrigada

    1. oi Elizete

      O processo de intervenção começa com uma avaliação diagnóstica, na qual o psicopedagogo identifica as dificuldades de aprendizagem e traça um plano de intervenção personalizado para cada paciente. A partir daí, são realizadas sessões de atendimento individual ou em grupo, nas quais são trabalhadas as habilidades e competências necessárias para superar os desafios.

      O psicopedagogo também pode atuar em parceria com outros profissionais, como médicos, psicólogos e fonoaudiólogos, para oferecer um tratamento mais completo e integrado.

      Além disso, o psicopedagogo também pode atuar na orientação de pais e professores sobre as melhores práticas pedagógicas, buscando promover uma educação mais inclusiva e eficaz.

      É importante ressaltar que cada processo de intervenção psicopedagógica é único e personalizado, levando em conta as necessidades e características individuais de cada paciente. Por isso, é fundamental buscar o acompanhamento de um profissional especializado e qualificado para garantir a eficácia e qualidade do tratamento.

      O trabalho do psicopedagogo não pode ser confundido com o de um professor de reforço escolar. Embora ambos atuem na área da educação, as funções e objetivos são diferentes.

      O psicopedagogo tem como objetivo identificar as dificuldades de aprendizagem e traçar estratégias personalizadas para ajudar o indivíduo a superar esses obstáculos. O foco não está apenas no conteúdo, mas sim em desenvolver as habilidades e competências necessárias para uma aprendizagem mais efetiva e satisfatória.

      Já o professor de reforço escolar tem como objetivo auxiliar o aluno a compreender e revisar o conteúdo que já foi ensinado em sala de aula. Geralmente, o reforço é realizado de forma mais genérica, sem levar em consideração as particularidades de cada indivíduo.

    2. estou diretora de uma escola e a psicopedagoga que atualizado na escola, atendendo de 2 a 3 alunos, na escola, quando falta o aluno, ela vai até a sala de aula e sai orlando aluno no horário de aula para atendendo na sala. eu penso que isso tá errado. poderia me orientações. ela sempre faz o mesmo jogo com as crianças. e nunca atendendo individual. sempre em grupo e sempre os mesmo jogos.

      1. Oi Lilian
        De fato, ela está equivocada. Não podemos fazer “clínica” na escola. OS aprendentes que precisam de uma avaliação ou acompanhamento psicopedagógico devem ser atendidos por uma psicopedagoga fora do espaço escolar.
        Na escola, o que essa psicopedagoga está atendendo alunos do AEE, ou sala de recursos.É importante que você como diretora não permita que seja assim, passamos por vários problemas, inclusive no sentido de facilitar a regulamenteção da nossa profissão.
        Muito psicopedagogos agem como professor de reforço, isso acaba com a nossa profisssão.

        Oriente-a de que o trabalho realizado na escolar serve como suporte ao serviço da psicopedgogia, e ela deve trabalhar as dificuldades que as crianças apresentam em sala de aula, ajudando nas tarefas que o professor não consegui êxito em sala de aula.

        Sala de recursos/AEE/Psicopedagogia são exercícios diferentes, cada um com a sua especificidade.

        Inez

  4. Inez Souza, fico muito grata pelas sua colocações amei sua explicação, sou psicopedagoga você teria indicação de bons materiais para o nosso trabalho?

  5. Gostei bastante das informações. São muito úteis para todas as pessoas que têm crianças com dificuldades.

    1. Ola Elizete, tudo bem?
      Uma pena que você nao deu continuidade na sua pos graduação em Psicopedagogia.
      Sou formada em Pedagogia e pós graduada em Psicopedagogia, no que se refere aos atendimentos /sessoes com o aprendente / criança, sao 8realizadas de 8 a 10 sessoes / encontros e cada um deste tem a duracao de 40 a 50 minutos e podem acontecer de uma a duas vezes na semana. Após o final das sessoes o psicopedagogo marca uma reuniao ou encontro com o responsavel para dá
      a devolutiva.
      Neste momento retorna a queixa inicial e todos os procedimentos realizados serão esclarecidos se houver necessidade de encaminhamentos para outras especialidades deve ser feito também.

  6. Estou pensando em abrir meu consultório, sou neuropsicopedagoga e estava com medo de ir adiante. Mais essas informações me deram um novo norte.
    Obrigado

      1. As informações aqui, são as mais completas das quais eu tenho pesquisando. Me passou mais segurança e equilíbrio para abertura do meu consultório que já está nós últimos detalhes.
        Sou grato!

          1. Estou começando a destravar o receio que tenho em atender. Comecei atendendo um aprendente já no fim do ano ano passado. Mas terei de recomeçar, pois sua mãe estava em processo de divórcio e muita coisa deve ter mudado na vida deles.
            Duvida: faço de 8 a 10 sessões inicialmente para AVALIACAO? Nesse tempo de avaliação, faço a HIPOTESE DIAGNOSTICA e a DEVOLUTIVA a família e já entrego RELATORIO? É durante a avaliação que vou a escola? ou depois de ter fechado a hipótese, entregar tudo a família e depois?
            A INTERVENÇÃO pode/deve ser feita independente da família ter levado o aprendente ao MÉDICO e ter definido seu diagnostico?
            Temos de fazer RELATORIO da intervenção mensalmente ou pode ser entregue apenas quando o aprendente finalizar os atendimentos?

          2. Francileide
            A Avaliação acontece dentro de 8 a 10 sessões, porém já aconteceu comigo mesmo depois de ter dado a devolutiva, durante a intervenção, a hipótese se alterar, e até mesmo percebermos outras questões que foram trabalhadas durante a própria intervenção. Durante essa avaliação você entra em contato com a escola, poderá enviar um questionário ao professor afim de obter infrmações a respeito daquela criança.

            Quando os pais levam o Informe Psicopedagógico no neuropediatra é para que se confirme a hipotese que você levantou. O médico vai avaliar a criança de acordo com o que você informou no informe. Dará ou não o diagnóstico.

            O informe psicopedagógico tem validade de 1 ano. Poderemos realizar uma nova avaliação após esse período. Não há necessidade de reavaliar mensalmente.

            Att

            Inez

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