O que é Dislexia?

escrito por:
Inez Kwiecinski
atualizado em:
7 de junho de 2016
Inez Kwiecinski
7 de junho de 2016

Dislexia é considerada uma Dificuldade de Aprendizagem que tem como base a linguagem.

É um distúrbio, não sendo considerada doença e sim um mau funcionamento de uma área peculiar do cérebro para processar a linguagem. Não tem cura, mas pode ter seus sintomas amenizados. Refere-se a uma série de sintomas que resultam em dificuldades em desenvolver habilidades específicas de linguagem.

Os estudantes com dislexia geralmente possuem dificuldades com diversos tipos de habilidades relacionadas a processos de linguagem como ler, escrever, pronunciar palavras e soletrar. A Dislexia afeta indivíduos durante toda sua vida, muito embora o impacto que ela pode causar muda em diferentes estágios da vida da pessoa.

O problema na dislexia é linguístico e não visual e de maneira alguma indica falta de inteligência: Pessoas com Dislexia Severa podem ser brilhantes.

A dislexia está relacionada com dificuldades de aprendizagem porque pode dificultar muito o progresso escolar de um estudante em um ambiente normal de ensino, e em formas mais sérias, este estudante pode acabar precisando de educação especial, acomodações especiais ou serviços de suporte à aprendizagem.

Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.

“International Dyslexia Association”

O que causa a Dislexia e quais seus efeitos?

As causas exatas da dislexia ainda não são completamente claras, mas estudos de imagem cerebral mostram diferenças na maneira em que o cérebro de uma pessoa disléxica se desenvolve e funciona. Normalmente, a maioria das pessoas com dislexia encontram problemas em identificar os sons separados de uma palavra e em aprender como as letras representam estes sons, um fator chave na sua dificuldade de ler.

Diversos artigos provam que a Dislexia não ocorre por falta de inteligência ou vontade de aprender, é fato que com os métodos de ensino apropriados o disléxico pode aprender e ter sucesso.

Alguns disléxicos conseguem aprender a ler e pronunciar cedo, principalmente quando possuem instrução adequada, mas futuramente podem experimentar problemas piores quando habilidades de linguagem mais complexas são necessárias, como gramática, interpretação de textos complexos e redação.

Pessoas com dislexia também encontram problemas com a língua falada, mesmo após terem sido expostos à exemplos de pronúncia correta em casa e boa instrução de linguagens na escola. Eles podem ter dificuldade de se expressar claramente, ou de compreender perfeitamente o que os outros querem dizer quando se expressam.

Estes problemas de linguagem são mais difíceis de se identificar, mas podem levar a problemas maiores na escola, no trabalho e no relacionamento com outros. Certamente os efeitos da dislexia vão bem além da sala de aula.

Dislexia pode também afetar a autoestima da pessoa. Estudantes com dislexia geralmente se sentem “burros” e menos capazes do que realmente são.

Após experimentar uma boa carga de stress relacionado a problemas escolares o estudante pode se sentir desencorajado em continuar os estudos.

Como é diagnosticada?

dislexia-equipe

Em geral o diagnóstico é feito por exclusão por uma equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista).

Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos, entre outros que possam causar interferência no processo de aprendizagem.

É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.

Alguns problemas relacionados à Dislexia

Os problemas com os indivíduos com dislexia envolvem dificuldades em adquirir e utilizar linguagem escrita. É um mito que pessoas disléxicas “leem de trás para frente“, embora soletrar possa parecer difícil pois os alunos disléxicos tem dificuldade em lembrar os símbolos das letras e seus sons e memorizar palavras. Outros problemas relacionados a dislexia são:

  • Aprender a ler: a criança, apesar de receber ensino adequado, suporte dos pais e ter inteligência normal apresenta dificuldades de ler.
  • Atraso em atividades: A criança aprende a engatinhar, andar, falar, jogar e pegar coisas depois da maioria das outras crianças.
  • Discursos:  Além de demorar a aprender a falar, a criança geralmente fala palavras de maneira errada, acha rimas extremamente desafiadoras, e parece não distinguir sons diferentes em cada palavra.
  • Demora em aprender conjuntos: Na escola a criança demora muito mais tempo que seus colegas para aprender as letras do alfabeto e sua pronúncia. Pode haver problemas para lembrar os dias da semana, meses do ano, cores e tabelas matemáticas.
  • Coordenação: A criança pode parecer mais desajeitada que seus colegas, pegar uma bola no ar pode ser difícil por exemplo.
  • Direita e Esquerda: A criança normalmente confunde “direita” de “esquerda”.
  • Inversão:  Pode inverter números e letras sem perceber.
  • Escrita: A criança pode aprender como escrever uma palavra hoje, e esquecer completamente amanhã. A mesma palavra é escrita por ela de maneiras diferentes.
  • Concentração curta: Crianças com dislexia normalmente tem dificuldade de se concentrar por longos períodos de tempo, comparado com outras crianças. Adultos com dislexia dizem que isso só acontece porque depois de alguns minutos de esforço a criança fica mentalmente exausta. Comparado com a população, mais crianças com dislexia apresentam TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
  • Sequência de ideias: Quando uma pessoa com dislexia expressa uma sequencia de ideias, elas podem não parecer lógicas para pessoas sem dislexia.
  • Condições Autoimunes: Pessoas com dislexia são mais propensas a desenvolver problemas autoimunes, como asma, alergias e outros. (Em 1994, o jornal The New York Times publicou um artigo associando os genes envolvidos em doenças autoimunes, como a enxaqueca e a asma com os responsáveis pela dislexia).

Nem todos que tem dificuldades nestes pontos são disléxicos. Testar é a única maneira de confirmar o diagnóstico de suspeita de dislexia.

 


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Como é tratada?

A dislexia acompanha a pessoa pela vida inteira, mas, com ajuda adequada, muitas pessoas com dislexia podem aprender a ler e escrever bem. Quanto mais cedo se identificar e tratar, mais fácil o disléxico irá superar suas dificuldades na escola e na vida.

A Associação Internacional de Dislexia diz que o teste para diagnóstico deve cobrir as seguintes áreas:

  • Habilidades de linguagem oral
  • Reconhecimento de palavras
  • Decodificação: a habilidade de ler novas palavras usando conhecimento do som das letras.
  • Processamento Fonológico
  • Fluência na fala
  • Compreensão de leitura
  • Conhecimento de Vocabulário
  • Histórico familiar e desenvolvimento anterior.

Durante o processo de avaliação, o examinador precisa saber identificar e desconsiderar outra condições, problemas ou doenças que podem apresentar sintomas similares.

Por exemplo: Problemas de visão, deficiência auditiva, falta de instrução e fatores sociais e econômicos.

A maioria das pessoas com dislexia precisa de ajuda de um professor, um tutor ou terapeuta com treinamento específico em usar uma abordagem de linguagem estruturada e multissensorial.

É muito importante para estas pessoas serem ensinadas através um método sistemático e explícito que envolve diversos sentidos (ouvir, ver, tocar) ao mesmo tempo. Muitos disléxicos precisam de ajuda individual, assim eles podem evoluir no seu ritmo.

Para estudantes com dislexia é muito útil que seus terapeutas trabalhem juntos com seus professores.

As escolas podem fazer modificações para uma melhor inclusão dos estudantes disléxicos nas escolas, ajudando-os a ter sucesso. Por exemplo, um estudante com dislexia pode ter um tempo extra para terminar algumas tarefas, ajuda do professor para tomar notas, entre outros.

Estudantes podem se beneficiar ouvindo audiobooks, ou programas de leitura no computador, podem também usar o computador para treinar sua escrita através da digitação.

Todo apoio emocional é muito importante para pessoas com o distúrbio. Especialistas em saúde mental podem ajudar estudantes disléxicos com seus desafios.

TED – Explicação em vídeo.

Abaixo um vídeo do TED muito interessante sobre o assunto:

*Para ativar a legenda, clique no botão legenda na barra do Youtube)

Deixe seu comentário sobre o artigo:

Respostas de 5

  1. Olá, gostei, muito esclarecedor. Estava procurando sobre o tema pois comecei a trocar involuntariamente as palavras ex: alto por baixo, longe por perto, dia por noite, cores como preto por branco…e assim sucessivamente ..Isso me deixa angustiada e sinto vergonha, pois algumas pessoas riem da situação. Será que meu problema pode estar dentro do contexto de dislexia? Abraços (Tenho 56 anos)

    1. Olá Sandra
      Descobrir que tem dislexia é bem complicado, mas não se desespere, há muitas maneiras de vencer esta dificuldade. Você com certeza encontrará uma saída.
      Abraço
      Inez

    1. Olá Carlos
      Você deve procurar um neuropediatra e ajuda psicopedagógica. Faça uma avaliação com uma psicopedagoga e ela irá orienta-los melhor sobre como vencer as dificuldades.
      Abraço
      Inez

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